quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Palavras mal desenhadas

Foram alguma palavras mal escritas, mas capazes de borrar um texto inteiro. Derramei café na mesa. Todas as palavras se desmancharam, mas aquelas, aquelas por alguma razão permaneceram escritas, sem nenhum ferimento, mas ferindo quem as lia. Logo esse texto. Os primeiros parágrafos escrevi ontem a noite, e estavam tão bonitos, tão cheios de gracejos e sorrisos, repleto de palavras que mais pareciam trechos de músicas do Chico Buarque. Escritos em tons de azul, porque é essa a cor que me faz lembrar você. Eu já estava na última linha, pensando se deveria acrescentar mais uma vírgula ou se desenhava EU TE AMO para finalizar com ponto final. Depois de passar o dia me divertindo rascunhando aqueles trechos, eis que por um descuido, um lapso de três ou quatro palavras, eu borrei esse texto. Não tinha mais jeito, a tinta estava no papel, e sou perfeccionista demais para fazer rasuras.
Me martirizo pela culpa. Tentei argumentar, sugerir um novo clímax, mas não te convenci. Sua razão reina sobre mim. Não quis insistir, conheço as palavras que te fazem sorrir, mas as que nos magoam são as quais dedicamos maior atenção. Perdi todas aquelas letras e perdi a vontade de escrever.
Me restou dormir, e sonhar com palavras para o próximo amanhecer. Conheço e reconheço meu erro, e nele retorno a ideia, a fim de palavras certas. Porém, irei escrever com a mesa limpa, sem xícaras de café que possam derramar ou palavras que possam manchar. Tenho um caderno com muitas folhas, canetas me sobram, e seus sorrisos ditam as palavras. Quem sabe um dia essas folhas se tornem um livro ou simples memórias que nos façam sorrir. Mas antes de ir deixo-lhe um bilhete, escrito em letras garrafais, EU TE AMO!

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